POR Priscilla Costa/Victor Corrêa
Parecia até final de Copa do Mundo com a Seleção Brasileira em campo. Das Zonas Norte, Sul e Oeste à Baixada Fluminense o assunto nas mesas de bar era um só: o tão esperado fim de ‘Avenida Brasil’, que teve 51 pontos no ibope, recorde da novela desde a sua estreia, há sete meses. A resposta que todos esperavam para ‘Quem Matou Max?’ foi respondida quando Carminha assumiu o crime.
A Carminha foi má a novela inteira e foi ficar boazinha no fim?”
O fenômeno afetou o trânsito da cidade. Na Avenida Atlântica, em Copacabana, poucos carros eram vistos circulando no horário em que se passava a novela. Na Av. Brasil real, todos pararam para assistir à trama.
Carminha, Tufão, Nina e cia. conquistaram também os anunciantes. Segundo a revista americana ‘Forbes’, a novela faturou cerca de R$ 1 bilhão em anúncios. Outros veículos internacionais também deram destaque. O jornal britânico ‘The Guardian’ destacou a decisão da presidenta Dilma Rousseff, que adiou sua participação no comício do candidato à prefeitura de São Paulo Fernando Haddad para não disputar com o último capítulo. Já a emissora BBC, também de Londres, fez uma reportagem sobre os personagens do povão retratados no folhetim.
Uma trama à altura de Janete Clair – Mauro Ferreira – Autor do livro “Nossa Senhora das Oito”
Se o Brasil parou na “Avenida Brasil”, o mérito maior é de João Emanuel Carneiro, criador de trama à moda antiga, à altura das melhores histórias de “Nossa Senhora da Oito” Janete Clair (1925 – 1983).
Carneiro trouxe de volta às novelas os ganchos ao fim de cada capítulo (e até entre os intervalos), técnica que Janete usava com maestria. Mas, em vez do romantismo, ele apostou no suspense, na tensão permanente entre suas personagens.
Sem jamais se desviar do mote central (o embate Nina X Carminha), a trama de “Avenida Brasil” sempre andou para frente. E é justo ressaltar o acerto total da direção de Amora Mautner. O núcleo de Tufão era verdadeiro, reproduzia a vida cotidiana como ela é, com gritos, falas atropeladas e (muita) emoção. Entrou para a história da TV.