Não podia ser mais tenso. Com direito a disputa de pênaltis e erro de Marta, a seleção brasileira de futebol feminino superou a Austrália no Mineirão na madrugada de hoje (13) e está nas semifinais das Olimpíadas de 2016. O Brasil dominou a partida, mas não conseguiu balançar as redes. Depois de um 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação, a torcida explodiu quando a goleira Bárbara defendeu a cobrança da australiana Kennedy, cravando o placar de 7 a 6 na disputa de pênaltis.
O Brasil enfrentará agora a Suécia, na próxima terça-feira (16), no Maracanã. As suecas superaram os Estados Unidos também nos pênaltis, após o empate de 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação.
O estádio recebeu um bom público. Haviam sido vendidos 52.255 ingressos. Foi a primeira vez nas Olimpíadas que o anel superior do Mineirão recebeu torcedores para partida de futebol feminino. Nos outros quatro jogos, foram ocupados apenas assentos do anel inferior.
Espírito olímpico
Além de camisas da seleção brasileira, uniformes de Atlético-MG e Cruzeiro foram os trajes escolhidos por muitos torcedores. Para o analista de segurança da informação Plínio Devanier, a partida trouxe o espírito olímpico para a rivalidade dos dois maiores clubes de Minas Gerais. “As Olimpíadas favorecem a integração entre os povos. Estamos acolhendo e nos confraternizando com vários estrangeiros. E a integração entre torcedores rivais é também fundamental”, diz
Aguardando o início da partida nos arredores do Mineirão, Plínio, que é atleticano, tomava uma cerveja com o engenheiro civil e cruzeirense Paulo Henrique de Oliveira. Eles haviam acabado de se conhecer. “Na partida entre Estados Unidos e Nova Zelândia eu também vim para cá com um amigo cruzeirense de infância. Foi a primeira vez que viemos juntos a um jogo de futebol”, diz Plínio.
O engenheiro eletricista mineiro Rafael Lima veio de Fortaleza, onde mora atualmente, para prestigiar as jogadoras brasileiras. “Já que não consegui ver essa partida lá, peguei o avião para estar aqui hoje”.
Muitos torcedores vieram ao Mineirão munidos também de cartazes críticos ao presidente interino Michel Temer. Ao final do primeiro tempo, torcedores em todo o estádio se manifestaram sobre a situação política do país aos gritos do “Fora Temer”. Parte dos presentes vaiou o protesto.
Apesar do placar não ter se alterado, o primeiro tempo foi bastante disputado e as duas equipes poderiam ter saído com a vitória. O Brasil mostrou mais volume desde o início da partida, mas a Austrália encaixou boas jogadas. Foram as brasileiras que sofreram o primeiro susto. Aos 14 minutos, a lateral australiana Catley quase fez um gol sem querer. Em uma tentativa de cruzamento, a bola passou rente a trave.
A resposta veio rápido. Aos 15, a lateral esquerdo Tamires roubou a bola e passou para a atacante Debinha que chutou de fora da área obrigou a goleira australiana Lydia Willians a fazer a primeira boa defesa. O jogo seguia bem movimentado, e a torcida empurrava cantando, gritando o nome de Marta e fazendo “ola”.
Aos 20 minutos, o técnico australiano foi obrigado a fazer sua primeira substituição. A lateral Cathy saiu contundida e, em seu lugar, entrou Logarzo. Apesar do barulho, o público não intimidava as estrangeiras. Aos 21 minutos, em um vacilo da defesa brasileira, Simon recebeu pela esquerda e bateu cruzado para fora. Logo na sequência, a goleira brasileira Bárbara quase se enrolou ao tentar sair jogando com os pés e por muito pouco não foi desarmada.
Após dois sustos, o Brasil voltou a incomodar. Aos 29 minutos, o Brasil criou mais uma boa oportunidade de gol, após jogada de Formiga. Mesmo tendo a opção do chute, ela rolou para Thaisa que finalizou muito fraco nas maos da goleira. As brasileiras ainda perderiam mais uma chance aos 43. Debinha recebeu uma enfiada de Andressa Alves, cortou a zagueira australiana, mas chutou por cima do travessão.
Fonte: Agência Brasil