O debate realizado ontem à noite na Rede Paraíba de Televisão teve mais provocações mútuas do que apresentação de propostas entre os candidatos Cássio Cunha Lima (PSDB) e Ricardo Coutinho (PSB), mas ainda assim foi menos tenso que o primeiro encontro dos postulantes, veiculado no último domingo pela TV Correio. Ambos os candidatos pediram direitos de resposta e receberam a negativa da comissão responsável pela apreciação das solicitações.
Cássio Cunha Lima voltou a chamar seu adversário de “oportunista” e de “pegar garapa” ao citar que ele teria apenas aproveitado projetos herdados de gestões anteriores, como o Centro de Convenções, o canal Acauã-Araçagi e as estradas. Além disso, criticou os dados administrativos citados pelo governador, dizendo que eles seriam fantasiosos. “Tire a máscara, candidato. Pare de mentir”. Ao ser questionado sobre o motivo pelo qual defenderia a privatização da Cagepa, o senador reagiu: “Não coloque palavras na minha boca. Não basta você criar números e trazer uma realidade que não existe para a Paraíba, agora você quer botar palavras na minha boca? Tire a máscara, fale a verdade, pare de mentir”, rebateu Cássio, que ainda negou uma acusação de Ricardo sobre ter repassado a preço irrisório um terreno destinado à construção de um distrito industrial no Conde. Em troca, Cássio disse que o governador não poderia tratar de honra tendo “um irmão como você tem”.
Ricardo Coutinho, em resposta a Cássio, cobrou respeito e disse que sua história era diferente da do tucano. Ele ainda afirmou que o governo feito por seu adversário não teria deixado nenhuma realização no Estado. “Quais eram as obras que existiam? Qual era o investimento que o Estado tinha? Um tal de Boa Nova, que investiu R$ 230 milhões. Nós estamos investindo é R$ 7 bilhões. Uma parte em conjunto com a presidente Dilma e a outra parte com recursos próprios. O senhor era chamado por um adversário à época, e hoje aliado, Bado, de ser um governador tatu. Só abria buracos e enterrava os canos. Não fez nenhuma estação de tratamento de esgoto”. Sobre a acusação de ser “oportunista”, o socialista devolveu-a ao remetente: “Oportunista é o senhor que ficou três anos e meio no Governo conspirando contra a gestão”. A respeito de outra denúncia de Cássio, de ter havido “sumiço” de um inquérito que apurava a apreensão de R$ 81 mil destinados a seu irmão e a alguns auxiliares, Ricardo negou: “Não venha com agressões. Não tem nada de sumir inquérito, isso é desespero seu. Vamos fazer o debate das ideias. Se você não tem capacidade, como não teve capacidade de governar, paciência”. Ricardo Coutinho ainda alegou que a proposta de “bolsa trabalho” anunciada pelo tucano já havia sido sugerida e aprovada na passagem dele pela prefeitura de Campina, mas sem sair do papel.
Houve ainda outros momentos de acirramento, como a resposta de Ricardo à pergunta de Cássio sobre desrespeito à autonomia da UEPB. O governador disse que seu adversário havia tido ingerência na universidade, sugerindo a expansão sem planejamento da instituição: “Eu não interferi porque não sou irresponsável como você. Você investiu em seis anos e três meses R$ 518 milhões na UEPB. Eu investi R$ 925 milhões”. Em outro momento do debate, Cássio foi ainda mais incisivo e provocou o governador, insinuando corrupção na gestão do PSB: “Tem gente que bate a carteira e sai dizendo: pega ladrão, pega ladrão. Nós faremos da Paraíba um Estado honrado, transparente em respeito ao seu dinheiro”.