Alexandre Henriques é jornalista e cronista
Pequinês, que nada! O apelido poderia, no máximo, dar uma pista da sua estatura física, até porque o coração, este, ultrapassava os limites do corpo.
Luís Paiva, antes de ser um guarabirense que se tornou conhecido e sem dúvida será lembrado por muito tempo, foi um nordestino que, como tantos outros, resolveu cedo buscar no “sul maravilha” as oportunidades negadas, por certo, em sua terra natal.
Por lá, construiu um bom ciclo de amizades.
Mário Jorge Lôbo Zagalo. Assim se referia ao tri campeão. Pelo nome completo. Da sua última viagem ao Rio, trouxe um troféu que exibia com orgulho: uma foto ao lado do técnico de futebol, em um condomínio de luxo, onde Luís foi porteiro por muito tempo.
Mas, como bem disse o escritor José Américo, na volta ninguém se perde. Luiz só permaneceu no Sudeste o tempo de amealhar o suficiente para, em seguida, voltar a sua terra natal e nela se estabelecer, por conta própria.
De conversa fácil, nunca negou a sua opinião sobre qualquer assunto, principalmente com relação a política local e todo o amplo leque de outros temas tratados não só na confraria do Bar de Neco Rato, mas em todos os ambientes que frequentava. Tais temas podiam ir desde a guerra nas estrelas, até a bicheira de Pé de Pano, o cavalo de Assis Rato. Ele sempre tinha uma opinião.
Festeiro de vastas credenciais, Luiz deixa saudades por onde passou, conviveu e usou a ferramenta da camaradagem para construir amizades.
Deixou bons rastros impressos, desde as margens dos rios onde extraía areia, até no forró de Vando Sanfoneiro em Araçagi, onde exibia o seu talento dançante como um verdadeiro “pé de ouro”.
No comércio e na indústria dos quais fez parte, não foi diferente. No Bloco dos Priziacas, ao qual se filiou desde o seu nascedouro, nem se fala. Durante a folia de momo ele tinha a oportunidade de revelar os seus muitos lados. As fantasias carnavalescas que usava, emblemáticas, expressavam as suas ambiguidades, muitas vezes misturando o duro couro do chapéu de vaqueiro ao macio do cetim.
Por essas e muitas outras facetas Luiz, que partiu cedo, ainda moço, depois de maltratado por um longo tempo pela doença que o levou a morte, se inscreve de forma definitiva na crônica do real e do imaginário da cidade, merecendo as honras e as homenagens de um cidadão colocou a sua existência a serviço do trabalho e da alegria de viver. Até sempre amigo Luiz.