Suponho não haver prosador ou poeta que consiga traçar as suas linhas sem nelas deixar, de forma visível, aqui e ali, as lembranças da sua aldeia, seja qual for o tema que proponha declarar em sua construção escrita. Denunciará, inevitavelmente, ainda que seja nas entrelinhas, as fontes nas quais bebeu, as trilhas da sua infância, os becos da sua adolescência, as ruas e avenidas da sua juventude.
Os lugares aos quais me refiro emergirão como verdadeiras sendas da alma, ainda cheirando ao suor das lutas e aquecidas pelo fogo das paixões, uma pela outra e vice-e-versa. É que sem luta ou paixão não há prosa ou poesia possíveis e não há vida que valha.
O retorno a essa geografia espacial e humana nos ocorre, muitas vezes, durante um calmo fechar de olhos, bastando para tanto o silêncio e a instalação de uma certa paz interior, para que voltem as cenas, como as de um filme cujo carretel vai sendo lentamente desenrolado.
Imagino que os mais importantes guardados da memória devam, de tão marcantes, ficar impressos em uma zona cerebral que só os aceita em relevo, como em uma escrita rupestre segura e decifrável, muitas das vezes, apenas pelo próprio autor. São mídias que têm a duração da nossa existência sã. As sentiríamos até de forma tátil, se nos fosse dado tocar a massa de modelagem das nossas lembranças.
Percorrer de memória os espaços do Morgado de Costa Beiriz é tentar, por exemplo, postar-se no adro da Catedral e, de lá, divisar a cidade do passado, revisitando-a com um olhar cerebral, observando, por exemplo, como era imponente o conjunto arquitetônico à sua volta, hoje quase que completamente destruído, apagado pela borracha do tempo e do descaso, substituído por arranjos modernosos em pedra e cal, que já começam a formar uma espécie de biombo e que acabará por esconder a arquitetura do nosso mais rico e belo patrimônio sacro.
Sem precisar ultrapassar os umbrais da Catedral, apenas com os pés firmados sobre a soleira da sua porta frontal da extrema esquerda, topamos, de pronto, com patacão de cobre incrustado no piso. Nele, em baixo relevo, estão impressas as inscrições indicativas, dentre outras coisas, da nossa altitude com relação ao mar, o nosso RN (referencial de nível), não por acaso implantado naquele local.
As informações do RN definem, por exemplo, o aclive que o oceano precisaria vencer, à montante da Barra do Mamanguape, no caso de uma improvável inversão de seu curso, em um dilúvio, por exemplo, para chegar com a sua correnteza de volta à velha Lagoa, hoje inundada de prédios e com razoável dificuldade de verter as águas das chuvas. Noventa e sete metros, a quem interessar possa.
Os invernos, embora cada vez mais raros, sempre voltam para lembrar a todos o lugar onde um dia já foi a lagoa, e cujo transbordamento é submetido de forma comprimida e revoltada, por ruas, becos e casas, à procura de suas calhas naturais até chegar ao oceano.
Com os pés ainda repousados sobre a soleira da tal porta, de costas para a nave da igreja, em mirada levemente à esquerda, divisaríamos o bairro da Santa Terezinha.
Nos registros fotográficos mais antigos é possível observar, em destaque, aquela que um dia foi a casa de morada do pastor Ananias, um dos fundadores da comunidade evangélica aglutinada em torno da igreja Assembléia de Deus da Santa Terezinha. A casa que aparece nas fotos foi edificada, há muito tempo, no vértice das duas principais ladeiras de acesso ao bairro e hoje é de propriedade dos herdeiros de Alcides Andrade, também evangélicos.
A Santa, para os íntimos (e eu me considero um deles), carrega consigo algo de fortemente ecumênico. Além da numerosa comunidade evangélica, abrigou, por décadas, dentre outros espaços sagrados, o terreiro de candomblé do pai de santo João Gavião, morto recentemente.
Era João Gavião apenas à noite. Nos dias amanhecidos mimetizava-se em João Engomador, apelido que servia para atestar a sua profissão civil.
Com pouco esforço de memória chego a vê-lo, de branco, descendo elegantemente a ladeira da Santa, passando pelo beco do Cai Pau, com um bonezinho de copa semelhante a um solidéu, embora com uma pala curtíssima sobre a testa, e cuja única serventia por certo era a de esconder a calvície.
Sobre a cabeça e o boné, em absoluto equilíbrio, um bem empacotado volume de roupas engomadas. Com a mão direita elevada à altura do ombro, o braço em forma de cambito e o dedo indicador feito um gancho, pendurava várias ombreiras com ternos de linho, tropical inglês, gabardines e outras roupas de fazendas caras que lhes eram confiadas para desamassar e repor os vincos.
Nos primórdios, esse trabalho era feito a ferro quente de brasas, já que a corrente elétrica do motor de luz não permitia o luxo de transformar a precária energia em calor. Manejava seu instrumento de trabalho com maestria, parafinando-o aqui e ali e aspergindo um molho de goma de massa de mandioca sobre as roupas que desamassava.
Ao chegar ao pé da ladeira, já na rua da Barreira, passando ao largo, embora muito próximo das oficinas mecânicas de Zenos Medeiros e de Zeca Pompilho (pintor de carros), universo excessivamente masculino, João tentava conter o andar maneiro e os trejeitos, como se quisesse passar sem ser percebido, ou seja, evitar o inevitável.
Ao ouvir as infames e implacáveis pilhérias, revidava em tom debochado, dizendo coisas do tipo — nem de macho “crica” eu gosto, VISTE! — e seguia para entrega das roupas, mas não sem antes enfrentar a Rua Manoel Simões, quartel general dos sapateiros, jogadores de futebol e dos gráficos.
Essa que também foi um dia a rua da histórica Tipografia Pontes, de José Alves de Pontes, responsável pelas impressões dos cordéis mais populares do Nordeste. Como não lembrar dessas obras, com suas capas xilogravadas onde desfilaram nomes como os de Apolônio Alves dos Santos, Gonçalo Ferreira da Silva, José da Costa Leite, Ivanildo Vila Nova e tantos outros. Como não lembrar, nessa hora, do talento de José Camelo de Melo Rezende, autor do memorável Pavão Misterioso e filho do Morgado.
João, o engomador, parava aqui e ali para uma prosa rápida, na calçada do curto trecho da Manoel Simões, no mais das vezes para se queixar da lida, das dores na coluna e principalmente nos “quartos”, até ganhar o eixo central da cidade para fazer as suas entregas e receber a paga pelo seu suado trabalho.
À noite, as dores do corpo desapareciam como que por encanto de Xangô.
No terreiro, o OGAN Paulo Negão e outro percussionista cadenciavam com as mãos as batidas nos Ilús de couro curtido de bode, geralmente sacrificados ritualisticamente para esse fim, começando pelo IJEXÁ, dedicado a OXUM e o AGUERÊ para chamar OXÓSSI e IANSÃ, dentre outros toques, numa verdadeira polirritmia, enquanto João Gavião puxava os pontos, girando feito uma carrapeta.
“O cavaleiro que bater na minha porta, leva areia mão na “pemba” para ver quem é.”
Ao que as filhas de santo respondiam em coro:
“Ele é São Jorge guerreiro, minha gente,
cavaleiro da paz e da fé”
Após a resposta em coro das filhas de santo, João fazia questão de esclarecer que “pemba” era uma pedra de giz africana, usada nos rituais, para evitar qualquer confusão ou cacofonia de cunho maledicente. Explicação dada, continuava o ponto.
“Que mata é essa que o leão bradou?
Que pau é esse que o machado não cortou?
Que pedra é essa que o corisco alumiou?”
Todo o desenrolar dessa cena se dava em meio a uma apertada sala para um numeroso público, quente e sob forte emanação de odores de loções à base de óleos vegetais, vindas dos cabelos das filhas de santo, além de fumaças de cigarros, charutos e incensos, sem contar com o cheiro dos suores, tudo isso em profusão.
Melhor ainda poderão dizer sobre estes rituais do terreiro Ronaldo Elesbão (Buzuca), Calcélio Toscano, Antonio de Pádua (Padinha), Homero Bezerra e o escritor Marcos Freitas. Os dois últimos, na oralidade e no gestual, impagáveis ao reproduzirem as cenas de mais esse recorte da nossa religiosidade.
Só não mais poderão depor sobre o tema Alexandre de Bibiu Damião e o próprio João, uma vez que hoje habitam faixas vibratórias superiores. Assim pelo menos acreditava e esperava João, em seu fervoroso culto e reverente mística.
Os outros, ainda neste plano, dirão do arroz doce, das pipocas e de outros acepipes servidos nos dias de festa de Erê, bem como da cachaça e outros gorós servidos nos dias de toques para Xangô, Oxum e Iansã, isso se Zé Pilintra, entidade boêmia, astuciosa e louca por cachaça e algazarra, não aparecesse para beber e perturbar, dando outros rumos a esses encontros.
Notem que ainda estou com os pés sobre a soleira de uma das portas do nosso principal templo católico, em devaneio sobre a rica e ecumênica tradição religiosa do bairro da Santa Terezinha.
Poderia, se quisesse, mudar um pouco o ângulo do olhar para a esquerda ou para a direita. Com isso mudaria, de forma significativa, a paisagem do presente e do passado invocado, bem como as lembranças.
Mas, como esquecer a noite do grande estrondo, do imenso clarão no céu. Como não lembrar da surdez temporária que acometeu todos os viventes do Morgado naquela noite. Uma explosão nunca ouvida antes e um deslocamento de ar que chegou a mover levemente a minha cama de menino, me fazendo acordar assustado no meio da noite chuvosa e ainda mais escura dado a falta de energia que sucedeu o estampido e o imenso clarão no céu.
Primeiro foi o rebuliço dentro de casa, à cata de velas e lampiões. Depois o alarido no meio da rua, uma vez que ninguém permaneceu dentro de casa. Logo naquela noite em que os atabaques de João Gavião tinham sido ouvidos até mais tarde e que o pastor Ananias já havia, mais de uma vez, se referido a eles no púlpito da Assembleia de Deus, como sendo a música de Satanás!
Como se não bastasse o caos instalado, Lula de Seu Zezinho da Carne de Sol, também crente, ainda ajeitando os seus óculos de lentes verdes que mais pareciam fundos de garrafa de vinho Raposa, botou a cara na janela e berrou a plenos pulmões.
— O Senhor Jesus está de volta, para levar aos céus os justos e mandar queimar os ímpios no fogo do inferno. Preparem-se ! E chegada a hora do Armagedon!
Feito o assombroso anuncio, crianças choravam ao ver suas mães assustadas nas calçadas a gritar — Aleluia! Glória Senhor! Glória Jesus! O senhor é o meu salvador! — Algumas mais apressadas e inconsequentes diziam — Eu estou pronta Senhor, seja feita a tua vontade! Minha vida entrego em tuas mãos, Senhor Jesus!
Da minha parte, sem saber direito se eu era justo ou ímpio, segurei uma pequena caixa de brinquedos debaixo do braço e firmei o seguinte propósito: para qualquer lugar que eu for, vou com ela.
No mais, fiquei a lembrar das goiabeiras, dos pés de pitomba e das dulcíssimas mangas que minha avó chamava de rosali, além de tantos outros prazeres mundanos que teria que deixar para trás, naquela sesmaria urbana que era a casa dos meus avós. Uma verdadeira Xanadu.
O medo da morte trouxe muita gente para as calçadas ainda em trajes de dormir, como no caso de seu Eugênio Torneiro, crente discreto e recatado, branco e farto de pelos por todo o corpo, embora sem nenhum na cabeça. Surge ele na calçada, parecendo um urso polar, nu da cintura para cima com um imenso ceroulão de morim passando dos joelhos.
Algumas mulheres cujos cabelos que de dia já não ornavam bem as cabeças dado as imposições da religião no tocante a vaidade, no desalinho do sono e no arrepio do susto, ficaram mais parecidas com assombrações.
O único alento para a visão era proporcionado por algumas das filhas de seu Eugênio, lourinhas, muito bonitinhas, até angelicais, assustadas tanto quanto eu e ainda em trajes de dormir. Elas talvez fossem, em meio aquela balbúrdia, as únicas que lembrassem o céu das ilustrações bíblicas e dos almanaques.
Essas visões, no escuro da noite, só eram possíveis através das luzes das lanternas de pilhas, acessórios comuns naquela época, portado na maioria das vezes pelos homens. As luzes se entrecruzavam aqui e ali, revelando parte da dantesca cena. As lanternas de pilha eram todas focadas, muitas vezes, na direção de onde vinham as vozes mais altas, desesperadas e histéricas, como no caso da que se ouvia da janela da casa de Seu Zezinho da Carne de Sol, onde o seu filho anunciava o Armagedon. Dizia ele que depois do estrondo viria o fogo e depois do fogo o dilúvio.
Nesse momento uma voz feminina se insurge entre as outras de forma mais séria, grave e urgente lançando uma interrogação.
— Vocês viram Zuca?
Fez-se um breve silêncio.
Tratava-se da esposa de Zuca do Leite.
No meio da balbúrdia Zuca sumira e a sua esposa não se deu conta, de imediato, da sua ausência.
Iniciadas e depois de algum tempo encerradas as buscas entre os presentes, no escuro da noite, tanto nas ruas Estanislau Ventura como na sua perpendicular, Bráulio Martins, viu-se então uma luz forte da lanterna de alguém dobrando a esquina da carvoaria, no pé da ladeira. É bom que se diga que a tal carvoaria era apenas parte do originalmente conjunto de armazéns de seu Zé Madruga, que deram lugar, posteriormente, a vários empreendimentos, a exemplo do cabaré da fidalga e exigente Neném Progresso.
O que importa é que, ao avistar aquela luz distante, a esposa de Zuca do Leite o reconheceu de longe, muito menos pela potência da lanterna de quatro pilhas que carregava e muito mais pelos movimentos descritos pelo facho luminoso. Ela foi logo dizendo.
— Aquilo é Zuca!
E era.
Ela não quis descer a detalhes, mas identificou, inclusive, que ele havia bebido, mesmo estando escuro e a distância razoável. Esposa que é esposa conhece. Zuca era manco e andava como se chutasse permanentemente uma bola imaginária. Quando tomava uns rabos de galo (cinzano com cachaça) e “lavava” com umas cervejas, o andar se tornava mais lento e os braços movimentavam-se de forma a compensar o desequilíbrio, tanto o natural quanto o induzido pela ação do álcool. Nos longos anos de observação residia a certeza da sua esposa sobre ser ele e ter bebido.
O foco de todas as lanternas foram então voltados para a ladeira, iluminando a trôpega subida de Zuca.
À espera do fim do mundo, as mulheres continuaram com as glórias e aleluias, exceto a de Zuca, que quis saber, logo na chegada, por onde ele andou.
— O mundo se acabando e você desaparece criatura!
Zuca não se fez de rogado ou intimidado.
— Podem parar com a latumia que o mundo não vai acabar! O estrondo foi na rua da Rodagem, na fábrica de fogos de Zé Marcelino. Dizem que foi prá lá de 50 quilos de pólvora e também que tem gente morta.
— E você soube disso como?
— Na rua, é claro! Soube também que no Estrela do Norte, (Pensão de Emília), um atagé despregou-se da parede espatifando várias garrafas de bebida no chão.
Tudo explicado. Para o céu dos crentes, vindo de onde veio, Zuca já não iria. Embora confirmadas as suspeitas da esposa, não havia espaço para qualquer reprimenda por parte dela naquele momento, uma vez que Zuca fora o condutor da noticia salvadora.
Na Santa Terezinha, pelo menos, todos saíram ilesos, fossem puros ou ímpios.
Para a decepção de Lula de Seu Zezinho da Carne de Sol, de mala e cuia para subir aos céus junto com alguns escolhidos e, de lá de cima, satisfeito, assistir os ímpios sendo queimados e depois afogados, ninguém morreu na Santa.
No dia seguinte, soube-se que apenas duas pessoas foram efetivamente queimadas e que uma delas, Zé Quelú, não resistiu às tais queimaduras. Confirmou-se que o fogo realmente não fora o do Armagedon, mas o da pólvora em grande quantidade estocada na fabriqueta de fogos dos filhos de Zé Marcelino, Gilvan e Bia, que sequer saíram chamuscados, diferente de alguns outros que estavam mais próximos do epicentro do grande estrondo.
Alguns imóveis vizinhos ficaram bastante comprometidos com a explosão. Era agosto de 1969. No dia 20 do mês anterior o mundo viu com um misto de dúvida e espanto, pela TV, o astronauta Neil Armstrong pisar o solo lunar pela primeira vez.
O pastor Ananias, sem muitas respostas a dar ao seu rebanho sobre o grande feito da ciência e da tecnologia, havia proclamado, dias antes do estrondo, do púlpito da sua igreja, em tom de advertência:
– O homem está indo longe demais. Está se tornando muito buliçoso com as coisas de Deus, e isso é muito perigoso.
Arrimado, por certo, nas preocupações do pastor, Lula de Seu Zezinho da Carne de Sol não se deu por vencido.
Para um grupo menor, em tom mais moderado, ele sentenciou:
— Fiquem em alerta, isso foi só um aviso!
Não mais aos gritos, mas em tom normal e decrescente de voz, ainda deu para ouvir daqueles que começavam a voltar para o interior das suas casas, entre atônitos e extenuados.
— Glória ! Aleluia ! Glória! A paz de Deus! A paz do Senhor! Boa noite irmão Lula!
Os poetas Ismael Freire e Joaquim Pergentino não perderam tempo. Lançaram, pouco depois, o cordel A Morte de Zé Quelú e as Casas Danificadas…, versando sobre o ocorrido, dizendo da dimensão do estrondo e as proporções da catástrofe.
“O estrondo foi ouvido
pelo povo de Mari
de Mulungu, Cachoeira,
Alegoinha, Cuitegi
Serraria e Pilões
São João e Araçagi”
Mais adiante arrematam, dizendo:
“A explosão causou desgostos
e a chuva nos causou medo,
Jesus pode, quer e manda,
Ninguém conhece o segredo
o seu segredo é santo
Ninguém desvenda o enredo”
Zé Marcelino e seus filhos, donos da pólvora queimada, ainda viveram por muitos anos. O pai continuou trabalhando em sua barraca de madeira (fiteiro), no formato dos que existiam sobre as praças, mas instalada dentro de um prédio nas vizinhanças da loja A Graciosa, de Chico Dias (Chico da Banca).
Nunca consegui entender direito o porquê desse fiteiro dentro de um prédio comercial. Coisas do Morgado.
Quando digo “coisas do Morgado” quero dizer exatamente da nossa identidade enquanto arranjo urbano. Daquilo que é a nossa impressão digital enquanto cidade. Daquilo que nos faz únicos e das razões que temos ou não para comemorar o 26 de novembro, data da nossa emancipação política.
A essa altura, o leitor há de perguntar: E a Aracataca?
Para uns o nome soará familiar, para outros, nem tanto.
Garanto que na continuação deste escrito, em Minha Querida Aracataca II, antes de girar à esquerda sobre o próprio eixo cerca de 180 graus, acessando, finalmente, o interior da Catedral da Senhora da Luz, tentando lançar o mesmo olhar de antes, explicar essa história de Aracataca, embora sabendo que muita gente já suspeita.
Ao leitor será contado ou lembrado, dentre outros assuntos, a história de uma certa toalha cuidadosa e detalhadamente bordada, tendo orquídeas como tema, ofertada para forrar o altar de Santa Terezinha. Tal ocorrido se deu nos tempos do Monsenhor Emiliano de Cristo.
O presente partiu de uma caridosa e devota senhora, com as mais vastas credenciais cristãs, porém vivendo em pecado, na visão severa e ortodoxa do Monsenhor.
Por enquanto, guarabirado que sou, como no dizer do artista plástico Braguinha, curimatauzeiro como eu, parabenizo a minha “boadrasta” bem como todos os guarabirenses pela passagem de mais um aniversário.
Alexandre Henriques é jornalista e ensaísta