A Polícia Federal prendeu um grupo que já estava em atos preparatórios para ações terroristas durante os Jogos Olímpicos. Foi a primeira prisão com base na lei antiterror. O ministro Alexandre de Moraes dá detalhes do assunto. Dez pessoas em dez estados foram detidos. A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira a Operação Hashtag, a partir da qual pretende investigar possível participação de brasileiros em organização criminosa de alcance internacional, como uma célula do Estado Islâmico no país. Foram expedidos 12 mandados de prisão temporária por 30 dias, com possibilidade de prorrogação por mais 30. É o período necessário para a conclusão dos Jogos Olímpicos do Rio.
A quebra de sigilo de dados e telefônicos revelou indícios de que os investigados “preconizam a intolerância racial, de gênero e religiosa, bem como o uso de armas e táticas de guerrilha para alcançar seus objetivos”, segundo a PF. Por questão de segurança e para “assegurar o êxito da operação”, a PF decidiu não revelar o nome dos presos. “O processo tramita em segredo de Justiça”, informou a PF em nota.
“Estamos aqui para seguir um protocolo internacional de divulgação com absoluta transparência para anunciar operação da PF. A operação começou com a integração da Abin, com a PF, com agências de informação internacionais, isso culminou na primeira ação. Foram presos dez indivíduos que passaram de simples comentários sobre simples comentários sobre Estado Islâmico para atos preparatórios. A partir do momento que começaram para atos preparatórios foi feita prontamente a atuação por parte do governo federal. Governo preparou simultaneamente prisões em dez estados desses terroristas que se comunicavam pela internet, por Telegram e Whastapp”, disse o ministro Moraes, ao destacar que sigilo é importante para a continuidade das investigações.
O ministro afirmou que as investigações identificaram simpatizantes, apologistas e até mesmo membros ‘batizados’ do Estado Islâmico. Por meio das redes sociais, eles já estariam realizando atividades preparatórias específicas para os Jogos Olímpicos. Alguns dos indivíduos já estariam comprando armas do modelo AK-47 importadas do Paraguai. A inteligência da Polícia Federal rastreou o pedido e acabou efetuando prisões dessa forma.”É um assunto delicadíssimo, que exige a devida transparência. Porém, a transparência não pode afetar as investigações nem a sociedade. Qualquer nova informação relevante será passada à imprensa, para que não sejam divulgadas informações errôneas que levem ao pânico desnecessário.”
AK-45
Alexandre de Moraes conta como o Brasil se prepara para combater o possível terrosrismo durante a Olimpíada do Rio, que começa dia 5 de agosto, com a cerimônia de abertura. O País vai receber chefes de Estados do mundo todo para a competição. “Estamos monitorando vários indivíduos, mas a partir do momento que isso passa para atos preparatórios, isso passa também para uma atuação mais drástica. Todos os detidos são brasileiros, diz. “Isso mostra a eficácia da segurança brasileira e da integração entre Forças Armadas, Abin e PF.” Moraes disse ainda que houve um batismo do Estado Islâmicos dos suspeitos presos nesta quinta, que teria sido único contato deles com EI. “Os suspeitos começaram a fazer treinamento de artes marciais e a se preparar com munição de armas. Um dos suspeitos entrou em contato com um site clandestino do Paraguai para comprar o fuzil AK-45, mas não há informação se ele conseguiu comprar a arma. O fato de ele estar querendo comprar o fuzil, no entanto, é um ato preparatório que deve ser combatido.”O ministro condenou a participação dos brasileiros nesse tipo de conduta. “A troca de mensagem mostra lamentavelmente a degradação dessas pessoas comemorando atentados em Orlando e Nice, lugares dos últimos atentados terroristas. De alguns dias para cá, partiram não só de atos preparatórios, mas para o agravamento do discurso. Eles reafirmaram que o Brasil não fazia parte da coalizão do EI, mas consideraram que, com a proximidade da Olimpíada, o País fazia parte do alvo. Nos grupos de WhatsApp e de Telegram, nenhum membro do grupo falava diretamente com membros do Estado Islâmico.”
De acordo com as investigações, um dos integrantes do grupo chegou a dizer que gostaria de viajar para o exterior, mas desistiu por falta de dinheiro. Dos 12 mandatos, dez pesoas já estão presas e outros duas já foram localizados e devem ser presas ainda nesta quinta.