CIDADE DO VATICANO – Bombeiros instalaram no topo da Capela Sistina neste sábado a chaminé que vai dar o sinal ao mundo o sucessor do Papa Bento XVI foi eleito — o fumo negro significando nenhuma decisão e fumaça branca anunciando um novo pontífice. O conclave começa na terça-feira.
O tubo de cobre, de quase dois metros de altura, foi colocado acima do telhado da capela, um local claramente visível a partir da Praça de São Pedro, onde tradicionalmente milhares de fiéis se reúnem para ver como o voto secreto está progredindo.
No interior da capela, duas estufas foram instaladas e conectadas ao tubo que conduz ao telhado. Uma, feita de ferro fundido e utilizada em cada conclave desde 1939, será usada para queimar cédulas da votação. O segundo forno é eletrônico, usado para aumentar a visibilidade da fumaça. As chamas serão acesas dentro dele para enviar o fumo branco ou preto.
Curiosamente, também foi instalado um banheiro químico na Capela Sistina para atender os 115 cardeais que votarão na escolha do novo papa, segundo confirmou o diretor do Museu do Vaticano, Antonio Paulucci. Como o sanitário mais próximo do local de votação fica no andar abaixo, o Vaticano optou pelo banheiro a fim de evitar o vazamento de informações.
O cuidado com o sigilo também se estendeu à rede de telefonia. Um bloqueador de sinal telefônico e internet foi instalado na capela para evitar qualquer contato dos cardeais com o mundo externo.
Antes de iniciar o conclave, os religiosos passarão por um detector de metais e só poderão portar o livro de preces. A obra Ordo Rituum Conclavis tem 343 páginas de orações em latim, com tradução para o italiano.
O funcionários do Vaticano também deram os últimos retoques nas mesas onde os cardeais se sentarão frente a frente, sob o olhar de Jesus no painel de Michelangelo “O juízo final”.
Neste sábado, cerca de 150 cardeais realizaram o sexto dia de reuniões preliminares, conhecidas como “congregações gerais”, para discutir os muitos desafios da Igreja e para esboçar o perfil ideal do próximo papa. Apenas 115, porém, participarão do conclave.
Durante o dia, eles vão deliberar no interior da Capela Sistina. À noite, eles descansarão na Casa Santa Marta, construída por João Paulo II em 1996. É uma acomodação modesta, mas muito mais confortável do que a oferecida antes: cubículos equipados apenas com uma cama e lavatórios, e um banheiro para cada 10 pessoas.
Quando a eleição finalmente começar na terça-feira haverá uma rodada de votação à tarde, seguida por duas de manhã e duas à tarde toda dias até que alguém receba dois terços dos votos.
Cada cardeal recebe duas ou três cédulas de voto com a inscrição Eligo in summum Pontificem (Elejo como Sumo Pontífice). Eles são encorajados a disfarçar sua caligrafia e dobrar o papel duas vezes. Em seguida, cada cardeal caminha até o altar e, de joelhos recita em latim: “Invoco como testemunha Cristo Senhor, que será meu juiz, que o meu voto é dado para aquele que diante de Deus eu acho que deve ser eleito.”
Três cardeais são escolhidos aleatoriamente para contar as cédulas, e outros três verificam o trabalho. Cada voto é lido antes de ser perfurado com uma agulha e colocado num fio. No final, todos são reunidos e amarrados com um nó. Assumindo que não há nenhum vencedor, segunda rodada de votação começa imediatamente. Duas vezes por dia, após as sessões da manhã e da tarde, as cédulas são queimadas no forno especial.
O Globo