O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), durante entrevista coletiva nesta segunda-feira (30), reforçou sua indignação com as informações divulgadas na imprensa de que teria recebido R$ 45 milhões de propina para alterar uma medida provisória, que beneficiava o banco BTG Pactual, de propriedade de André Esteves, preso na semana passada pela Operação Lava Jato.
Na entrevista desta segunda, Cunha voltou a citar o senador Cássio Cunha Lima (PSDB), que foi o relator da matéria na época, atribuindo a responsabilidade de qualquer modificação na MP ao parlamentar paraibano, pois, “todas as 28 emendas apresentadas pela Câmara e Senado foram rejeitadas pelo relator”.
De posse de documentos, Eduardo Cunha lembrou ter apresentado duas emendas à proposta. Uma tratava de assunto relativo ao exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a outra dos créditos para banco em liquidação. Porém, as 28 emendas apresentadas à MP foram rejeitadas pelo relator Cássio Cunha Lima.
“O relator colocou no seu parecer a preocupação com os bancos em liquidação. Para suprir isso, ele fez duas emendas de relator. Primeiro, ele fez o artigo 17, onde colocou que só trataria de crédito presumido para bancos que entrassem em liquidação a partir de 1º de janeiro de 2014. A segunda alteração foi nos artigos 1º e 2º. Na proposta vinda do governo, falava-se em saldo de prejuízo. Ele retirou a expressão saldo e ficou apenas prejuízo. Qual é a diferença disso? Só daria para apurar o prejuízo no ano anterior e não o saldo acumulado de prejuízos”, explicou Eduardo Cunha, dizendo que, em parte, o relator acatou sua sugestão.
Eduardo Cunha destacou, ainda, que não esteve presente nas votações nominais referentes à MP. Ele questionou a validade do documento apreendido e afirniu que não conhece Diogo Ferreira. O presidente da Câmara disse, também, suspeitar que tudo seja uma armação contra ele.
“Eu não tenho a menor dúvida que alguma armação ocorreu nesse ponto. Primeiro, que o fato é absolutamente inexistente. A emenda que eu fiz prejudicou o interesse que estão colocando. Em segundo lugar, está muito detalhada para estar no verso de um papel escrito de qualquer forma. Em terceiro lugar, a comemoração de que? Porque não havia o que comemorar se o que foi aprovado é contrário ao interesse dos bancos que estão em liquidação e cita um evento ao qual eu sequer conheço as pessoas que participaram do evento”, afirmou.