A cantora Beth Carvalho morreu nesta terça-feira (30) depois de dois meses internada. A informação foi confirmada pelo empresário da sambista, Afonso Carvalho. Em seu comunicado, ele afirmou que Beth, de 72 anos, morreu às 17h33m, de infecção generalizada, cercada de do amor de seus familiares e amigos.
“Agradecemos todas as manifestações de carinho e solidariedade nesse momento. Beth deixa um legado inestimável para a música popular brasileira e sempre será lembrada por sua luta pela cultura e pelo povo brasileiro. Seu talento nos presenteou com a revelação de inúmeros compositores e artistas que estão aí na estrada do sucesso. Começando com o sucesso arrebatador de “Andança”, até chegar a Marte com “Coisinha do Pai”, Beth traçou uma trajetória vitoriosa laureada por vários prêmios, inclusive um Grammy pelo conjunto da obra. Assim que possível, informaremos sobre o sepultamento”, disse no comunicado.
Na segunda-feira (29), a apresentação da cantora Beth Carvalho, que estava marcada para o dia 5 de maio, dia do aniversário dela, na casa de shows Vivo Rio, foi cancelada por recomendações médicas. A sambista estava internada num hospital da Zona Sul do Rio de Janeiro há dois meses. O Vivo Rio informou que os ingressos adquiridos serão reembolsados.
O último show da sambista, de 72 anos, no Rio de Janeiro, foi em outubro do ano passado, no Oktoberfest Rio. Durante toda a apresentação, ela esteve deitada numa cama. Há anos, ela enfrenta problemas na coluna que, cada vez mais, limitam sua locomoção e provocam internações. No início deste ano, Beth esteve internada num hospital da Zona Sul para tratar, mais uma vez, do problema de saúde.
Apesar de ser intérprete de um ritmo vindo das classes populares, a família de Beth tinha uma vida financeira boa. A menina, ainda criança, estudou balé clássico e frequentou um curso de etiqueta para mulheres. Tinha aulas de como segurar um guarda-chuva, usar garfo e faca e entrar ou sair de um automóvel — com classe.
Só que o golpe militar, em 1964, trouxe problemas para a família da cantora: seu pai, fã de Lênin, foi demitido do cargo que ocupava no Ministério da Fazenda. Aí o dinheiro faltou na casa dos Carvalho. Beth começou a dar aulas de violão para ajudar os pais.
Como cantora, não começou com o samba, mas com a bossa nova. Encantada por João Gilberto, se apresentou com o ritmo em festivais universitários e shows. Chegou a gravar um compacto, em 1965, em que interpretava “Por que morrer de amor?”, de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli. Mas no ano seguinte já se aproximava do ritmo que a consagrou, participando do show “A hora e a vez do samba”, com Nelson Sargento e Noca da Portela.
Fez gravações históricas de mestres do samba, como Nelson Cavaquinho, Cartola, Nelson Sargento e Carlos Cachaça. O desejo de buscar o samba onde ele estivesse a levou à quadra do Cacique de Ramos, em Olaria, no momento em que despontava uma geração de novos talentos ali — e mais que isso, de uma nova forma de tocar samba, usando instrumentos como banjo e repique de mão. Acabou por revelar artistas ligados ao Cacique, como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Almir Guineto e Jorge Aragão. Ao longo da carreira, continuou a chamar a atenção para novos talentos que surgiam, como Mariene de Castro e Quinteto em Branco e Preto, sem deixar nunca de gravar os bambas pioneiros. Tinha, por isso, o apelido de madrinha, do qual gostava, mas com reservas. Sempre achou um absurdo, no Brasil, artistas como Cartola precisarem de padrinhos para ser reconhecidos.
Fonte: Extraonline