Estudantes, professores e profissionais da educação participaram nesta quarta-feira (15), em mais de 200 cidades nos 26 estados do país e no Distrito Federal, de atos contra o bloqueio de verbas para a área anunciado pelo governo nas últimas semanas. Em todo país, em apoio ao movimento, universidades e escolas — públicas e particulares — tiveram paralisações. As polícias militares dos estados não estimaram o total de manifestantes. A UNE, uma das organizadoras da manifestação nacional, estima em 1,5 milhão o número de pessoas nas ruas.
Os atos começaram pela manhã em cidades como Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza e Salvador, e na parte da tarde no Rio e em São Paulo.
Em apoio ao movimento, universidades e escolas — públicas e particulares — paralisaram suas atividades. Na véspera dos protestos, parlamentares relataram que Bolsonaro teria recuado dos cortes na Educação , mas o governo, em seguida, negou.
Nos protestos, manifestantes realizam aulas públicas, demonstram suas pesquisas, entre outras ações. Os grupos entoam palavras de ordem e levam cartazes como protesto. Pelas redes sociais, é possível acompanhar a movimentação.
Na cidade de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, alunos da Uenf se reuniram e atearam fogo em pneus fechando o trânsito na Avenida Alberto Lamego, em sentido ao Centro da cidade.
No Rio, as manifestações contra os cortes de verbas nas instituições federais de ensino interditaram diversas vias no Centro do Rio de Janeiro. Os organizadores estimaram 200 mil participantes.
Os manifestantes ocuparam áreas da Avenida Presidente Vargas e da Praça XV. Trechos da Rua Primeiro de Março e da Avenida Rio Branco foram interditados. No início da noite, a marcha caminhava em direção à Central do Brasil. O percurso foi marcado por palavras de ordem como “Não é mole não, tem dinheiro pra milícia, mas não tem pra educação”, “Tira tesoura da mão e investe na educação”.
Algumas lideranças políticas como o vereador Tarcísio Motta, os deputados estaduais Flávio Serafini, Mônica Francisco e Dani Monteiro, todos do PSOL, participaram do ato, que segue pacífico. Quando um helicóptero começou a sobrevoar o protesto, manifestantes vaiaram e começaram a gritar “Ele não”.
Cartazes em referência à fala do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que classificou as universidades federais como “balbúrdia”, se espalham pelo ato. Algumas faixas também convocam os manifestantes para uma Greve Geral no dia 14 de junho.
Professores de diversas redes de ensino particulares foram dispensados do trabalho nesta quarta e engrossam o protesto.
Em São Paulo, A USP, a Unesp e a Unicamp confirmaram adesão ao movimento de paralisação de hoje. Em frente a um campus da USP, manifestantes protestaram com gritos de “Educação não é esmola, Bolsonaro tira a mão da minha Escola”.
Em João Pessoa
A manifestação interrompeu o trânsito no centro da Capital paraibana, onde as pessoas se concentraram para gritar palavras de ordem contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
O protesto foi pacífico e durou pouco mais de quatro horas com encerramento na Praça de Cem Réis no centro da Capital. Houve muito apitaço e os estudantes participaram ativamente da passeata portando cartazes, faixas e de caras pintadas. Também houve quem protestasse pela liberdade do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
O bloqueio de 30% na verba das instituições federais de ensino, anunciado pelo Ministério da Educação (MEC) no último dia 30, deve resultar em uma redução total de cerca de R$ 91 milhões nos orçamentos inicialmente previstos pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB – R$ 44 milhões), pelo Instituto Federal da Paraíba (IFPB – R$ 20 milhões) e pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG – R$ 27 milhões).
Conforme a reitora Margareth Diniz, no sistema de orçamento da instituição, o corte já aparece em R$ 44 milhões.