Por Jota Alves
A cena política que se apresenta no horizonte nos leva a fazer reflexões sobre uma personagem central que está posicionada nos últimos anos no proscênio. É quase impossível não enxergar a presença dela (Camila Toscano), a menos que queiramos fechar os olhos para a realidade.
Herdeira do espólio político deixado pelo ex-prefeito e ex-deputado Zenóbio Toscano, que ganhou todas as eleições que disputou, quando iniciou sua incursão no melindroso campo da política, nos idos de 2014, serviu de chacota para adversários, tratada pejorativamente como “a moça do calendário”. Zenóbio viu em Camila potencial para navegar os mares de águas turvas, num ambiente dominado pelo machismo, hostil ao sexo feminino. E deu bom. Abertas as urnas, a filha de Zenóbio e Léa Toscano amealhou 32.682 votos.
Na Assembleia foi fazer oposição ao governo de Ricardo Coutinho, reeleito naquela oportunidade, visto que Zenóbio apoiou a candidatura de Cássio Cunha Lima, rompido que estava com Ricardo. Depois veio a eleição de 2018 e Camila renovou o mandato com 30.711 votos. Na ALPB continuou sendo oposição, dessa feita ao governador João Azevêdo.
Na sua terceira eleição, Camila viveu o seu maior desafio, ir para uma campanha sem a sua âncora, o seu pai, falecido em 14 de junho de 2020. Mesmo diante das adversidades, Camila não só se reelegeu, mas aumentou a votação em relação à eleição anterior, apurando 32.586.
Para os observadores, os articulistas políticos, Camila vive o seu melhor momento desde que chegou à Assembleia. Ocupa espaços relevantes no seu lugar de fala, sobretudo na defesa da causa feminina, a luta contra a violência de gênero e, na condição de advogada por formação, integra a Comissão de Constituição e Justiça da ALPB.
No mês passado, a parlamentar foi eleita presidente da Rede de Mulheres das Américas, durante reunião da Confederação Parlamentar das Américas (COPA), realizada em Quebec, no Canadá e também é presidente nacional da Comissão da Mulher na União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale).
Nos municípios onde foi votada, Camila mantém boa relação com as lideranças, é presença constante nos eventos e atos públicos e tem, mesmo sendo deputada de oposição, encaminhado recursos através das chamadas emendas impositivas.
Zenóbio foi prefeito de Guarabira por três mandatos e cinco vezes consecutivas, eleito deputado estadual. Léa foi prefeita por dois mandatos e deputada estadual por um mandato. Essa foi a rota percorrida pelos pais de Camila até aqui, pois Léa caminha para disputar mais um mandato de prefeita de Guarabira.
Irá Camila navegar mares não navegados pelos pais? Camila já disse sonhar um dia ser prefeita de Guarabira, seguindo os passos de Zenóbio e Léa. Quando isso irá ocorrer, só o tempo dirá, mas é plausível considerar ser uma questão de tempo até que o sonho se realize.
Camila tem aumentado de tamanho político ao longo dos anos, dialoga fácil com os figurões da política paraibana como os três senadores Veneziano Vital, Efraim Filho e Daniela Ribeiro, os deputados federais, a exemplo da articulação com o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP), recentemente levada a cabo, para garantir a legenda como aliada nas eleições próximas.
Mesmo tendo tamanho suficiente, Zenóbio nunca se interessou na disputa por um mandato de deputado federal, pois afirmava que não tinha vontade de se distanciar da Paraíba para morar em Brasília. ZT também nunca presidiu a Assembleia Legislativa da Paraíba. Camila terá tamanho para navegar os dois mares aventados, se houver espaço e oportunidade para isso nas eleições de 2026.
A preço de hoje, renovando o mandato, Camila chegará forte com quatro mandatos consecutivos, representando Guarabira e região, se configurando numa forte candidata a presidir a ALPB. Quanto à disputa de federal, irá depender de conjunturas mais complexas, mas é hipótese que não pode ser descartada a médio prazo.
De qualquer sorte, os que anteviam que o fim dos Toscano estava próximo, deram com os burros n’água. A carreira política de Camila se desenha longeva e com espaço para muitas milhas navegáveis.
Jota Alves é radialista com passagens pelas rádios Constelação FM e Rural AM de Guarabira, Tabajara de João Pessoa e jornais Folha do Brejo e Jornal da Paraíba. Atualmente é editor e articulista político do Portal 25 Horas.
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