O delegado que conduziu o caso, Aldrovilli Grisi, explicou que o celular de Fernanda Ellen foi peça fundamental para elucidação do crime. Segundo o delegado, a estudante de 11 anos foi vítima de latrocínio, quando há roubo seguido de morte. A polícia chegou até Jefferson Soares, suspeito do crime, a partir da identificação do destino do celular, que foi trocado por pedras de droga dias depois de ter sido roubado de Fernanda Ellen.
Depois de matar a estudante e enterrar o corpo, o suspeito recebeu R$ 200 da rescisão do contrato de trabalho como vigia em uma obra no Alto do Mateus, em João Pessoa, e usou o dinheiro para comprar mais droga, que foi consumida com uma mulher não identificada dentro de uma pousada no Centro da cidade. Quando a droga acabou, ele entregou o celular de Fernanda a essa mulher para que ela o trocasse por mais pedras de crack.
O telefone de Fernanda, trocado por cinco pedras de crack, foi localizado pela polícia em uma espécie de depósito no Bairro dos Novais, na capital, junto de vários outros celulares que haviam sido roubados. A partir da localização, a polícia fez o caminho inverso da chegada do celular no Bairro dos Novais.
“Realizamos a chamada cadeia inversa, interrogando cada pessoa que havia portado o celular de Fernanda por algum momento. Desta forma pudemos recriar todo o caminho que o aparelho havia percorrido desde a saída da posse de Fernanda até ser encontrado neste local no Bairro dos Novais”, explicou Grisi.
Após recriar esse caminho, a polícia conseguiu identificar a primeira pessoa a receber o celular de Fernanda, a mulher com quem Jefferson havia consumido o crack na pousada. Foi ela que descreveu Jefferson para a polícia, permitindo a produção do retrato falado. Segundo a polícia, o retrato tem 90% de fidelidade à fisionomia do vizinho de Fernanda Ellen e foi feito com o auxílio da Polícia Federal. A prisão só foi possível porque essa mesma mulher fez o reconhecimento do suspeito na tarde da segunda-feira (8).
“Ela [a testemunha] afirmou de prontidão, quando viu Jefferson, que se tratava do responsável por lhe entregar o celular para ser trocado por drogas. Ela inclusive quis descer do carro para questioná-lo. É preciso deixar bem claro que não se tratava de uma prostituta. Ela é uma usuária de drogas, que foi chamada na Rua da Areia para consumir drogas com o suspeito. Ela não conhecia o suspeito, nem havia tido nenhum tipo de contato com ele até o momento em que foi até a pousada usar drogas com ele”, explicou o delegado.
Jefferson foi preso em flagrante por ocultação de corpo no Alto do Mateus, em João Pessoa. Ele foi encaminhado para a sede da Secretaria Estadual de Defesa Social (Seds), onde deve ser interrogado sobre o possível envolvimento em outros crimes. Aldrovilli Grisi afirmou que ainda nesta terça-feira (9) será pedida sua prisão preventiva junto à justiça por latrocínio. Ele deve ser encaminhado para a Penitenciária Flósculo da Nóbrega, o Presídio do Roger, ainda nesta terça.
De acordo com o delegado, o inquérito deve ser concluído em dez dias, quando será encaminhado para o Ministério Público. Ainda não há previsão para recebimento dos resultados dos exames da perícia. Segundo Grisi, foi feito um acordo com a família e o Instituto de Polícia Científica para que o corpo seja liberado o mais rápido possível para que a família possa prestar as últimas homenagens e sepultá-lo.
Fonte: G1PB