Por Jota Alves
Desde que terminou seu mandato tampão, no final do ano de 2002, ao perder a disputa ao governo para Cássio Cunha Lima, o ex-vice-governador Roberto Paulino vinha se mantendo longe da estrutura administrativa na esfera estadual. Chegou a ocupar um cargo no Banco do Nordeste, uma espécie de prêmio de consolação pela derrota, na gestão do petista Lula, mas ficou por aí.
De lá para cá assistiu a dois mandatos de Cássio (o último interrompido na metade com a cassação), dois mandato de Ricardo Coutinho, vinha de fora na gestão de João Azevêdo até ser presenteado com um cargo ao completar 70 anos, no dia 20 do mês passado, e agora está secretário Chefe de Governo.
Essa ascensão de Paulino tem um preço, alguém pagou a conta para que o governador tenha se encantado com a capacidade de liderança do pai de Raniery Paulino, vice-líder de JÁ na Assembleia Legislativa.
A grana para fazer face ao pagamento do gordo salário de secretário tem que vir de algum lugar. Nessas horas o pau só se quebra nas costas do “povo miúdo”. Enquanto veio a nomeação de Roberto Paulino em repartições estaduais, principalmente no Hospital Regional de Guarabira, vários foram os humildes funcionários que perderam o emprego e ficaram suas famílias desamparadas.
Quem está pagando a conta para bancar o luxo de secretário é o maqueiro do hospital, a auxiliar de serviços da escola, a auxiliar de enfermagem, e tantos outros profissionais que dependiam do salário para fazer a feira e agora estão desguarnecidos.
O curioso de tudo é que estão ficando desempregados os eleitores de João Azevêdo, os que balançaram a bandeira na eleição passada, os que defenderam a eleição do governador. Os que estão ocupando os espaços são os que votaram contra o governador, pois são os aliados de Paulino, que foi candidato a senador em chapa adversária, contra João. Não é preciso dizer que o governador perderá votos desses funcionários, que passam a ser cabos eleitorais dos adversários do governador.
A outra conta a ser paga pelo governo é viabilizar a reeleição de Raniery Paulino, que mudou da água para o vinho, e tem cobrado reciprocidade. O emedebista ficou na rabeira e viu na estrutura generosa do Estado uma tábua de salvação. João deverá em muito breve orientar as lideranças de seu partido em Guarabira, o Cidadania, a votarem e militarem em favor da reeleição de Paulino, enterrando qualquer pretensão de Meireles ou de Josa da Padaria, eleitores vereadores ano passado.
Pelas contas de João, a atração do MDB de porteira fechada, partido que elegeu apenas um deputado para a AL nas últimas eleições, eram favas contadas, mas tem se surpreendido. O senador Veneziano Vital, que deixou o PSB e retornou ao MDB, está de conversa com adversários de João e já se especula a possibilidade de uma ampla a partir de Campina Grande para encarar João e a máquina. Vené é o dono do MDB na Paraíba e Paulino já fez beicinho por causa dos acenos do ex-cabeludo a Cássio.
No mais continua tudo como sempre. Ano que vem tem eleição, os eleitores, os defensores dos grupos políticos vão trocar tapa na rua, apostar a grana do empréstimo consignado e sairão lesionados ou fisicamente ou no bolso. Os sabidos, os eleitos vão se confraternizar, bebericar uísque 18 anos e vinho do Porto. É sempre assim.
Jota Alves é radialista com passagens pelas rádios Constelação FM e Rural AM de Guarabira, Tabajara de João Pessoa e jornais Folha do Brejo e Jornal da Paraíba. Atualmente é editor e articulista político do Portal 25 Horas.
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