O vereador Lucas Porpino surpreendeu mesmo aos mais pessimistas dos guarabirenses ao anunciar sua renúncia do mandato de presidente da Câmara de Guarabira, que foi interrompido antes da metade do previsto. E, contrariando as previsões, Lucas não se emocionou ao renunciar.
Emotivo na maioria dos momentos mais agudos de emoção, Lucas já chorou inúmeras vezes ao falar de seus familiares, seja entre amigos ou em entrevistas de rádio. Mas dessa vez parece não ter sido tão forte o apego pela presidência do poder legislativo. O parlamentar deixou a cadeira de presidente sem pestanejar. Num estalo de dedos, saltou de banda e deus tchau.
As razões elencadas pelo ex-presidente são compreensíveis e dá margem para a interpretação de que a atividade política em sua vida é secundária, como deveria ser assim para todos. Estar político e não ser político. Lucas alegou que estava sem tempo para conciliar a administração de sua empresa e a administração da Câmara e resolveu largar o segundo. O desapego por cargos públicos deveria ser uma regra e não uma exceção.
Mas o gesto ao tempo que merece registro positivo de desapego por cargo suscita questionamentos dos mais atentos com a cena política. Lucas não sabia das obrigações de presidente? Por que só agora ele atentou para isso? E se um dia ele chegar a ser prefeito de Guarabira vai também renunciar por causa da apertada agenda?
Essas questões apenas o ex-presidente da Câmara poderá responder. Talvez esteja desencantado com a atividade política ao perceber que na prática nem sempre é possível fazer o que se tem vontade. É perfeitamente compreensível que um homem de meia idade com folga financeira para manter a família e o lazer opte pelo sossego da sombra e água fresca ao lado dos familiares e amigos, em vez de aturar ao pede-pede de eleitores profissionais que, de graça, aceitam até injeção na testa.
De qualquer sorte, Lucas protagonizou um fato inusitado da política de Guarabira. Não há registro na histórica política recente que algum vereador tenha renunciado ao mandato de presidente. Isso ficará marcado nos livros que contarão a história política dos guarabirenses.
Carta renúncia